Números da Associação Brasileira de Estudos das Abelhas mostram que o Brasil é a nação com a maior diversidade de abelhas sem ferrão do planeta, abrigando mais de 250 espécies nativas já catalogadas. No mundo todo seriam entre 400 e 600 tipos diferentes. Para preservar essa variedade e conscientizar a população sobre a importância dos pequenos insetos para a polinização e o equilíbrio ambiental, a professora Maria Marta Loddi e sua equipe realizam estudos, desde 2022, para dar visibilidade às iniciativas de conservação das espécies na região de Ponta Grossa.
Em 2024, o trabalho passou a receber financiamento da Itaipu Binacional, por meio do edital “Projetos para o Programa de Extensão para Sustentabilidade Territorial”, gerenciado pela Pró-reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex). Com esses recursos, o projeto de extensão “Manejo e Biodiversidade de Abelhas sem Ferrão como Ferramenta de Educação Ambiental” vem sendo desenvolvido.
O objetivo é proteger e auxiliar na conservação das espécies existentes no Paraná, mediante a produção zootécnica desses insetos no entorno do campus de Uvaranas da UEPG e em cidades paranaenses vizinhas. A ação envolve estudantes, a comunidade em geral e, principalmente, professores de crianças e adolescentes, tornando-os parceiros na educação ambiental. Esse contato de sensibilização e capacitação tem sido realizado sistematicamente, já tendo alcançando diretamente ao menos 400 pessoas por meio de 10 oficinas.
Hora de sair de casa
Uma das oficinas oferecidas pelo projeto é a de confecção de ninhos-isca para abelhas sem ferrão. A dinâmica é a seguinte: a equipe do projeto ensina a montar uma armadilha com garrafa PET, projetada para atrair e capturar enxames de abelhas nativas sem ferrão (meliponíneos) que buscam um novo local para morar.
Isso ocorre porque, quando uma colônia de abelhas sem ferrão se torna muito grande e forte, ela se divide por meio de um processo chamado enxameagem. Uma parte das abelhas, acompanhada por uma nova rainha (ou uma princesa a ser fecundada), parte em busca de uma nova moradia para construir outra colmeia.
Uma vez capturado nos ninhos-isca, o enxame é transferido para as caixas de produção de abelhas sem ferrão. Os participantes dos treinamentos do projeto aprendem, na prática, a realizar todo esse ciclo.
Outra frente de atuação dedica-se à educação ambiental, e uma terceira foca na identificação das espécies que habitam o Campus Uvaranas e localidades próximas a Ponta Grossa. Nesse contexto, os alunos de Zootecnia também são beneficiados, adquirindo conhecimentos que se consolidam com o legado das pesquisas e formações conduzidas pela equipe da professora Maria Marta. “Queremos utilizar as abelhas sem ferrão como ferramenta para o desenvolvimento de uma sociedade consciente dos recursos naturais, além de conservá-las e conhecê-las como forma de promover um desenvolvimento sustentável da sua criação”, comenta a docente.
A equipe
Além da professora Maria Marta, integram a equipe uma docente colaboradora, uma técnica do Departamento de Zootecnia, outra técnica do Centro Estadual de Educação Profissional de Ponta Grossa, um servidor do Colégio Agrícola Augusto Ribas e um professor da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.
O grupo é complementado por oito acadêmicos do curso de Zootecnia, dois de Biologia e uma bolsista Pibic Júnior. “A proposta está vinculada ao projeto pedagógico do curso de Zootecnia, pois seu conteúdo integra as ementas das disciplinas de Apicultura e Zootecnia Alternativa”, completa a professora Maria Marta.
As espécies mais conhecidas de abelhas sem ferrão no Paraná são: Jataí (Tetragonisca angustula), Mandaçaia (Melipona quadrifasciata), Manduri (Melipona marginata), Mirim-preguiça (Frieseomelitta varia), Mirim-droryana (Plebeia droryana), Guaraipo (Melipona bicolor), Iraí (Nannotrigona testaceicornis), Mirim-guaçu (Plebeia remota) e Borá (Tetragona clavipes).
Texto: Helton Costa/Fotos: Arquivo pessoal da professora Maria Marta Loddi.
Divulgação/UEPG