Os festivais que comemoravam as boas colheitas e a abundância nas comunidades antigas eram repletos de tradições e simbolizavam a gratidão pela generosidade da terra.
Ao longo da história, essas celebrações refletiram as características das culturas que as promoviam. No século III, elas foram integradas aos ritos cristãos e passaram a fazer parte dos calendários religiosos. Conhecidas como Festas das Semanas ou Pentecostes, essas celebrações marcam o final da colheita no calendário hebraico, com cânticos e orações acompanhados de refeições festivas. Embora não tenham datas fixas — pois dependem do término das colheitas — normalmente ocorrem no início do outono: em setembro ou outubro no hemisfério norte, e em maio ou junho no hemisfério sul. Contudo, as datas podem variar conforme o tipo de produção agrícola. Originalmente, essas festas incluíam a apresentação das Primícias, ou os primeiros frutos das colheitas, oferecidos ao Senhor para garantir bênçãos e fartura à comunidade.
No Brasil, os imigrantes trouxeram consigo esse costume, recheado de folclore e tradições de suas terras natais. Um exemplo notável é o das comunidades de imigrantes alemães, que mantêm viva uma sólida conexão cultural com suas tradições originais ao cultivarem a terra.
Uma experiência marcante foi no norte do Paraná, quando, muitos anos atrás, um padre alemão, Max Kauffmann, introduziu a festividade aos fiéis. Ele organizava um grande festival, onde os participantes traziam oferendas em desfile e depositavam na igreja matriz: era a Festa da Lavoura, celebrada no dia 1º de maio, com a igreja adornada por produtos locais, que eram posteriormente doados a entidades beneficentes.
Nos Campos Gerais, destaca-se a famosa Erntedankfest da Colônia Terra Nova, realizada em Castro. Todo ano, em maio, a comunidade se reúne em uma celebração que começa com uma missa na Igreja de Santa Terezinha e continua ao longo do dia com desfiles de tratores antigos, um almoço típico alemão, danças folclóricas e muita diversão. Ao final, um kaffeeklatsch (café com amigos) encerra o dia, agradecendo por mais um ano de fartura, reforçando os laços familiares e comunitários.
Dessa forma, a colheita se torna um momento espiritual, pois fortalece as conexões sociais, incentivando a partilha de experiências e a esperança em tempos melhores, criando uma atmosfera positiva em toda a comunidade.
Além disso, ao envolver desde crianças até idosos, estabelece-se um ambiente de celebração e alegria.
Fonte: DCMais
