Quem convive com a professora Margarete Aparecida dos Santos, do Departamento de Matemática e Estatística da Universidade Estadual de Ponta Grossa, com certeza já recebeu de presente um origami colorido ou uma verdadeira obra de arte em pontos de crochê: os amigurumis de personagens variados, feitos com carinho e capricho. A história do “UEPG Extraordinária” de hoje é repleta de detalhes, pontos, formas, dobras e muitas cores.
Na mesa de trabalho do professor de Matemática, um conjunto de bonecos de uma série de animação chama a atenção. “Esses foram presentes da professora Margarete”, conta o professor Antonio Marcos Batista. No Setor de Ciências Exatas e Naturais (Sexatas), onde Margarete atua como diretora adjunta, os amigurumis estão em frente ao computador do diretor Adriano Viana: um pequeno homem-aranha e um químico cientista, com direito até a jaleco, becker e fumacinha. “Basicamente, eu faço e dou para os outros – para minhas irmãs, para meus sobrinhos, meus colegas de trabalho. É assim, todo mundo que é próximo de mim já ganhou alguma coisinha que eu fiz, um amigurumi, um origami…”, conta Margarete. “Eu gosto porque vejo que as pessoas ficam felizes em ganhar e saber que eu gastei um tempo fazendo aquilo para elas. É diferente de você ir na loja, comprar algo e dar”.
A tradição de confeccionar amigurumis tem tudo a ver com presentes. O tricô e o crochê não se originaram no Japão, mas utilizar essas técnicas para fazer objetos tridimensionais foi uma criação japonesa – que se popularizou na segunda metade do século XX. Já era um costume japonês presentear pessoas com bonecos, e com os amigurumis não foi diferente. Os objetos ganharam significado espiritual de boa sorte e prosperidade, e receber de presente um amigurumi é considerado muito especial.
O gosto por artesanato e trabalhos manuais não é de hoje. Caçula de quatro irmãos, a pequena Margarete buscava copiar as irmãs mais velhas. “Eu não tenho irmãos com proximidade de idade, então, tanto quanto admirava a minha mãe, eu admirava as minhas irmãs”, lembra. Uma delas desenhava e pintava – o que a levou a copiar as imagens e, depois, continuar com o gosto pelo desenho a lápis (até hoje!). A outra irmã, mais velha, gostava de fazer artesanatos com fios. “Ela diz que eu atormentava muito, ficava na volta dela. Até que um belo dia eu cheguei e falei: ‘Eu quero aprender’. Então foi minha irmã mais velha que me ensinou crochê, tricô, bordado ponto cruz e costura”.
A professora de Matemática une a paixão por números, formas geométricas e padrões com o bem-estar gerado pela prática criativa. “Eu sempre gostei de trabalhos manuais, e quanto mais detalhista, melhor. Eu gosto de detalhes, me orgulho deles”, conta. A atividade é relaxante e calmante, segundo ela, e uma forma de melhorar até mesmo a rotina profissional. “É uma atividade que me deixa mais equilibrada. Todo ser humano tem que ter algo algo que renove as suas forças e as suas ideias”.
Para fazer os bonecos em crochê, são utilizadas técnicas simples, como o ponto baixo, um dos pontos básicos desse tipo de trabalho manual. “A gente trabalha basicamente com aumento, diminuição e cores. O lance é saber trabalhar com as cores, saber como unir as peças, que horas tem que aumentar, que horas que tem que diminuir”, explica Margarete. Aí entra a lógica, contagem, planejamento, raciocínio espacial… Tem muito da matemática nos amigurumis.
Outro artesanato que utiliza conceitos matemáticos – também com origem japonesa – é o origami. A técnica já virou até oficina no Simpósio Integrado de Matemática (Sigmat), ministrada pela professora Margarete. São inúmeras formas de dobraduras em formas geométricas, que exigem cuidado e coordenação motora. “Também é bastante relaxante. Até meu marido, quando a gente tem alguma discussão, vem com um maço de papel para mim: ‘Toma, se acalme. Vai dobrar papel”, brinca.
A Coordenadoria de Comunicação inaugura uma série de reportagens com servidores – professores e agentes universitários – sobre aquilo que as pessoas que trabalham na UEPG fazem de notável ou excepcional em seu tempo livre – hobbies, esportes, atividades culturais, habilidades, voluntariados… Na última semana, a reportagem foi sobre o servidor José Claudinei de Arruda, que participa de corridas de rua. Para sugerir pautas e histórias para a série “UEPG Extraordinária”, é só entrar em contato pelo e-mail ccom@uepg.br.
Texto e fotos: Aline Jasper
Divulgação/UEPG