Historicamente dominado por homens, o agronegócio está passando por uma significativa transformação com o aumento da presença feminina em papéis de destaque. No Instituto Cristão Mackenzie (ICM), essa mudança é evidente tanto nas salas de aula quanto nas posições de liderança da instituição, refletindo o crescimento do papel das mulheres no setor.
Situado em Castro, Paraná, o colégio, que oferece ensino médio regular e técnico em Agropecuária, foi incorporado ao Instituto Presbiteriano Mackenzie (IPM) em 2023. Com 350 hectares de área, possui uma fazenda própria onde os estudantes se envolvem em atividades como lavoura, pecuária leiteira, ovinocultura, caprinocultura e suinocultura.
A diretora-geral do ICM, Mônica Jasper, é um símbolo do avanço feminino na área. Primeira mulher a assumir o cargo máximo na história de 110 anos da instituição, ela enfatiza o papel do curso na inserção de mulheres no agronegócio. Mônica explica que “ao oferecer formação profissional e promover o empreendedorismo, ampliamos as oportunidades no mercado de trabalho para mulheres, que adquirem conhecimentos em agricultura, pecuária, gestão rural e inovação tecnológica, desmistificando a necessidade de força física.”
Com formação em engenharia agronômica, doutorado em Agricultura e pedagogia, Mônica ressalta que a formação técnica capacita mulheres a gerenciar suas propriedades rurais, investir em negócios agropecuários sustentáveis e ocupar cargos de destaque no setor, contribuindo para a redução das desigualdades de gênero e promovendo um agronegócio mais moderno e inclusivo.
A coordenação do curso técnico em Agropecuária também é liderada por uma mulher. Carla Fernanda Ferreira, engenheira agrônoma, doutora em Ciências do Solo e pós-doutora em Agronomia, destaca o aumento na participação feminina: atualmente, 50% dos alunos nas turmas de 2ª e 3ª série do técnico são mulheres, um grande avanço em comparação com 35% em 2015 e 18% em 2005, quando o curso era exclusivamente masculino.
Entretanto, as mulheres ainda enfrentam desafios significativos no setor agropecuário, principalmente em cargos de liderança, devido a estereótipos de gênero e práticas tradicionais que limitam seu reconhecimento. Carla destaca que a dupla jornada de trabalho, que envolve conciliar maternidade e carreira, é um dos principais obstáculos, e muitas mulheres ainda lutam pela valorização da equidade de gênero no ambiente profissional.
Entre as estudantes, Eliza Schneider, do terceiro ano, representa um futuro promissor para as mulheres no agronegócio. Nascida em uma família de comerciantes de gado de corte, a jovem de 16 anos aspira a assumir o negócio familiar. Ela menciona que “nas aulas práticas, aprecio o contato com a natureza e os animais, e sinto que somos preparadas na teoria para sermos boas administradoras e líderes.” Eliza também relata que, embora tenha enfrentado resistência de alguns familiares por ser mulher, vem conquistando respeito na área através de capacitação e dedicação.
Mônica Jasper acredita que para as mulheres superarem tabus e barreiras culturais no agronegócio, são essenciais três pilares: habilidades em liderança e gestão, capacitação em empreendedorismo e inteligência emocional aliada às adaptações e inovações necessárias.
A confessionalidade do Instituto também contribui para a vida comunitária dos alunos, promovendo valores cristãos que combatem a depreciação do gênero feminino. Mônica afirma que “tanto homens quanto mulheres têm o mesmo valor e suas especificidades devem ser respeitadas.”
Parcerias com empresas do setor agropecuário e cooperativas facilitam a empregabilidade das mulheres formadas na instituição, oferecendo estágios e programas de trainee. Mônica conclui destacando a importância de preparar futuras lideranças, unindo ensino técnico de excelência a princípios cristãos que reforçam a equidade e o respeito, com as alunas desempenhando um papel fundamental na transformação do agronegócio.
Fonte: https://arede.info/campos-gerais/566342/instituto-cristao-mackenzie-de-castro-forma-futuras-gestoras-do-agronegocio