Familiares do fotógrafo brasileiro Flávio de Castro Sousa, de 36 anos, que teve seu corpo encontrado no rio Sena em 4 de janeiro após 45 dias desaparecido, estão aguardando os trâmites necessários para a transferência internacional de recursos feita no dia 28 de fevereiro. Essa transação é crucial para definir a data da cremação e o envio do corpo de Flávio para Minas Gerais. O corpo do fotógrafo permanece preservado em um instituto francês há quase dois meses.
A mãe de Flávio, Marta Maria de Castro, auxiliar de enfermagem, relatou à RFI que já quitou o pagamento à funerária francesa e aguarda a confirmação da data de cremação para dar início ao processo de traslado dos restos mortais do filho ao Brasil, o que permitirá a obtenção da certidão de óbito.
Segundo ela, o apoio consular se restringe à burocracia e não inclui ajuda financeira, o que a fez buscar soluções para cobrir os custos. “Após o pagamento à funerária, fui informada pelo Consulado que o prazo para a cremação em Paris é de cerca de dois dias”, disse.
A amiga da família, Maria Iolanda da Silva, que vive na França há 42 anos, comentou que a mãe de Flávio enfrentou dificuldades com burocracias em sua conta bancária brasileira, o que atrasou a contratação da funerária Aunis. Iolanda não acredita que haverá uma solução antes da Quarta-feira de Cinzas no Brasil, pois o tempo de processamento financeiro pode ser afetado pelo feriado prolongado.
RIFA – “A cremação custou mais de R$ 23 mil”, revelou Marta. Ela mencionou que as taxas bancárias e o câmbio consumiram cerca de R$ 8 mil. Para arcar com os custos, Marta está realizando uma rifa virtual de uma bicicleta profissional que pertenceu a Flávio Carrilho, nome artístico do fotógrafo nas redes sociais, com o objetivo de arrecadar R$ 60 mil. “Toda ajuda é fundamental para que eu e minha família possamos trazer o corpo do meu filho para seu último adeus junto aos seus familiares”, pediu ela.
CAUSA DA MORTE – A amiga da família, Maria Iolanda, informou que em seu último contato com as autoridades em Paris, foram encontrados níveis elevados de álcool no sangue de Flávio, confirmando a morte por afogamento. Ela ficou surpresa ao saber que o corpo foi encontrado 45 dias depois, em um local no rio Sena a mais de 20 km de onde foram registradas as últimas imagens de Flávio, próximas à Torre Eiffel.
Na ocasião do seu desaparecimento, amigos de Flávio manifestaram preocupação com a saúde mental, e o filósofo Rafa Basso lembrou a importância de cuidar desse aspecto. O caso ocorreu enquanto Flávio constava como desaparecido, chegando a figurar na lista da Interpol.
Maria Iolanda também está ajudando a família a recuperar os pertences de Flávio, como computador, celular e roupas, ainda em Paris. “Vou tentar com o Consulado um despacho diplomático, já que alguns itens estão sob responsabilidade do Consulado brasileiro”, comentou, embora essa possibilidade não tenha sido confirmada pelo Consulado, que auxiliou as buscas e investigações referentes ao fotógrafo.
FALTA DE ATESTADO – Além dos custos de cremação e traslado, Marta enfrenta outras dificuldades após a morte do filho. “Estou lidando com várias despesas referentes ao apartamento do Flávio, precisei pagar três meses de aluguel e realizar reformas. Não tenho acesso à conta bancária dele, só poderei resolver isso quando o corpo chegar e eu receber o atestado de óbito, mas tudo aqui é muito devagar”, lamentou.
“São muitas despesas só para resolver com a imobiliária do apartamento, já paguei mais de R$ 12 mil. Preciso vender mais rifas, pois não tenho condições financeiras, meu rendimento é baixo”, desabafou a mãe, que reside em Candeias, Minas Gerais, enquanto o apartamento do filho está localizado em Belo Horizonte. O advogado da família informou que todo o trâmite para que as cinzas de Flávio cheguem ao Brasil e a obtenção da certidão de óbito pode levar pelo menos dois meses.
Com informações: Metrópoles. Fonte: https://arede.info/cotidiano/561756/mae-de-fotografo-morto-na-franca-faz-rifa-para-trazer-corpo-ao-brasil
