Na entrada do Bloco C do Campus Centro da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), dois alunos se reúnem para falar sobre os temas aprendem nas aulas. Vitor Almeida é mestrando em Jornalismo e, com um notebook em mãos, explica com empolgação sobre um artigo que está lendo sobre teorias do Jornalismo, enquanto Dione Almeida, acadêmica do primeiro ano de Letras, olha para a tela atentamente, em um misto de fascinação e orgulho. A cena, comum, vem com o adendo: são mãe e filho que vivem a rotina da UEPG, juntos.
Para muitos alunos que frequentam a UEPG, a instituição se torna uma extensão da sua própria casa; mas para Vitor e Dione, a ideia vai além, pois mãe e filho compartilham parte da sua rotina nos corredores da Universidade. A instituição já era parte da vida de ambos, muito antes de se tornarem colegas de corredor. Antes de Vitor entrar na Universidade, o apoio dentro de casa era constante e essencial na jornada para a escolha da atual profissão. “Quando era adolescente eu tive um blog sobre bandas independentes, chamado ‘Meu Nome é Música’ e minha mãe me ajudava a administrar a página. Essa experiência foi uma das que me motivaram a escolher Jornalismo”, revela Vitor, que destaca a importância do incentivo de Dione em suas decisões.
Quando Vitor entrou em Jornalismo, em 2018, a rotina em casa mudou, apesar do companheirismo se manter presente. “Foi muito difícil, porque eu percebi que tive que deixar o Vitor ser independente, tomar suas próprias decisões e descobrir novos caminhos. Mesmo assim, eu sabia que ele estava fazendo o curso que queria e aproveitando todas as oportunidades que a UEPG oferecia”, comenta Dione. Ela explica que sempre buscou ser refúgio para Vitor, em cada frustração que surgia em seu caminho. “Confesso que eu sofria, mas ele sempre me mostrava que era capaz de resolver seus problemas e se mostrar responsável”.
Foi no final de 2024, quando o nome de Dione apareceu entre os classificados do Vestibular UEPG para o curso de Letras, que a relação entre mãe e filho tomou novos rumos. A oportunidade de retomar os estudos outrora interrompidos é marcada pelo apoio constante de Vitor, que se diz muito feliz e orgulhoso da mãe. “Ela é uma pessoa acima da média e tem muito a contribuir a partir de uma formação nessa área. Vejo ela passando por coisas que eu também passei no começo da graduação, mas sei que ela está tirando de letra e segue sendo um exemplo de dedicação para mim”.
O sentimento de admiração é recíproco, garante a mãe. “Nós sempre tivemos longas conversas sobre a universidades, mas estar aqui e poder vivenciar as experiências que ele já passou me faz admirá-lo cada vez mais. Mesmo sendo mais velha, e com experiência de vida, muitas vezes me frustro quando alguma coisa dá errado e nesses momentos eu penso em como o Vitor teve maturidade em várias situações e assume o papel de me aconselhar”. A rotina para ambos é frenética, mas nos raros momentos em que se encontram pelos corredores, mãe e filho colocam o papo em dia. “Quando nos encontramos em casa, nosso maior assunto é a UEPG e o que aprendemos em aula”, brinca Vitor.
“Ele acreditou em mim quando ninguém mais acreditava. Sou privilegiada de poder viver esse momento da minha ao lado do meu filho“, declara a caloura de Letras sobre o papel de Vitor em seu retorno à vida acadêmica. Foi a insistência de Vitor que a convenceu a voltar à sala de aula – também foi ele quem lhe trouxe a boa notícia da sua aprovação no Vestibular e a levou celebrar a nova conquista. Para Vitor, acompanhar a mãe na sua trajetória é também revisitar as experiências que ele próprio passou- ” E espero sempre poder contribuir, com uma dose de calma para as dificuldades enfrentadas”. É na companhia um do outro que mãe e filho sabem que, apesar das dificuldades, “tudo fica bem”, finaliza a mãe.
Texto e fotos: Gabriel Miguel
Divulgação/UEPG