Os moradores do Morro Chapéu-Mangueira, no Leme, zona sul do Rio, vão poder participar, neste sábado (24), entre 10h e 16h, de uma experiência imersiva. Uma parceria do Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) com as bibliotecas Hélio de La Peña e Ana Paula Araújo vai levar para a comunidade um planetário móvel, que será instalado na quadra poliesportiva do Chapéu-Mangueira, na Ladeira Ary Barroso.
No encontro que é gratuito, crianças e adultos do Morro da Babilônia, comunidade vizinha, também vão conhecer de perto as constelações de Órion, Cruzeiro do Sul, Escorpião e Capricórnio. Segundo o Museu, mediadores do MAST estarão no local “para revelar curiosidades sobre os astros e as histórias mitológicas relacionadas às constelações”.
“A Educação Científica é uma missão do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Assim, ao levar a Cultura do campo da Astronomia para uma comunidade popular do Rio, o MAST ratifica seu papel formador de conhecimento”, informou o MAST.
O chefe do Serviço de Programas Educacionais (Seped) do MAST, Omar Martins da Fonseca, a parceria reforça também o trabalho das bibliotecas Hélio de La Peña e Ana Paula Araújo para popularizar a informação de qualidade aos moradores.
“Uma forma de mostrar para a população os equipamentos culturais que estão acessíveis, porque na nossa área existe uma coisa que a gente chama de muro de vidro, que é ter uma atividade para o público, mas o público acha que aquela atividade não é para ele e não usufrui. Isso é muito complicado, por isso são muito importantes estas ações nas comunidades e inclusive no interior”, disse.
“As famílias que têm capital cultural participam da atividade normalmente, mas as pessoas, que visivelmente, têm menos ficam de longe acanhadas e não vão, mesmo você interpelando dizem ‘estou olhando de longe, isso não é para mim, não’. Esse muro invisível é muito complicado da pessoa entender que é para ela, que pode e deve usufruir”, afirmou.
Moderadores
A atividade terá a presença de professores que vão atuar como moderadores para dar esclarecimentos e transmitir as informações do que será visto pelos visitantes. “A todo momento tem as rodas de conversa. Tem o grupo que entra no planetário vê a sessão e quando sai tem os nossos mediadores ali fora trocando ideia, conversando”, salientou Omar Martins.
De acordo com ele, a conversa gira sobre espaço sideral, um papo meio infinito; curiosidades sobre planetas, nebulosas, satélites, exploração espacial; e indagações como: se dá para ocupar Marte ou se o homem foi a lua ou não foi.
“Quando começa a conversar só vai embora expulsando. O pessoal fica curioso, é um tema muito cheio de mistérios ainda como buraco negro, buraco de minhoca, o pessoal vê muito isso em filme de ficção, desenho e ali chega na hora e pergunta ‘que história é essa’?”, destacou o Seped.
O humorista, roteirista e escritor, Hélio de La Peña, considerou um presente maravilhoso essa oferta do Museu de Astronomia em levar o planetário para a comunidade.
“Achei muito oportuno porque as bibliotecas têm a intenção de levar cultura para as comunidades da Babilônia e Chapéu Mangueira e, dessa vez. a gente tem a chance de levar um planetário inflável para apresentar o universo para o pessoal lá do Morro, que certamente nunca entrou em um planetário e, aí, o planetário vai até eles”, ressaltou.
“Certamente vai impactar não só os jovens como também os adultos e idosos. Estou com uma expectativa bem positiva. Vai ser um sábado maravilhoso que vamos passar na quadra do Chapéu Mangueira. É o que a gente está esperando”, disse o humorista, em entrevista à Agência Brasil.
Impacto
A programação, segundo Hélio de La Peña, vai ajudar também a divulgar as atividades da Biblioteca. “Para a Biblioteca é muito bacana porque estamos lá há um pouco mais de 1 ano e muita gente ainda não conhece a biblioteca. Não sabe da existência e a presença do planetário, lá, vai dar uma visibilidade grande, não só o Museu de Astronomia, como as nossas bibliotecas, a minha e a da Ana Paula”, contou.
Outro fato positivo, na visão dele, é o planetário ir até aos moradores. “É um lazer cultural gratuito bem à disposição da população e estará, ali, na casa deles. Na verdade, é um presente-surpresa”, explica.
“Eles não estão sabendo que estamos preparando isso, apesar da gente testar divulgando. As pessoas vão ficar surpresas ao ver a estrutura que o Museu de Astronomia está montando e vai levar também professores que vão explicar as constelações. Vão levar um conhecimento sobre o universo que dificilmente você teria sem a presença desse Museu”, analisou.
Para o escritor, a atividade vai ampliar os conhecimentos dos moradores. “Acho que abre os horizontes, inclusive dos jovens para uma outra área de conhecimento, outra área de interesse. Quem sabe pode até provocar um interesse profissional nessa área? Mas o mais importante é mostrar que a cultura não está só nos livros. Existem várias formas de levar a cultura à comunidade”.
“Acho que vai ser maravilhoso apresentar dessa forma, uma coisa que eu nem imaginava que seria viável. Quando eles ofereceram essa oportunidade, eu mesmo, fiquei surpreso e muito empolgado, por isso, convidei a Ana Paula para envolver a biblioteca dela também. Todo o nosso time da Biblioteca Hélio de La Peña está mobilizado para esse evento”, completou.
A jornalista e apresentadora, Ana Paula Araújo, também acha que o encontro vai provocar impacto na comunidade.
“Eu tô muito feliz com o evento que vai levar conhecimento e cultura pra dentro da comunidade e de uma maneira leve, divertida. Vai ser ótimo não só para as crianças que são o maior público da biblioteca, mas para as famílias de um modo geral”, disse à Agência Brasil.
Omar Martins disse que o MAST já levou esta experiência para as comunidades do Pavão/ Pavãozinho, Macacos Maré, Alemão, São Carlos, Rocinha e Favela do Saco. Em todas, a recepção foi dentro das expectativas.
“Eu costumo falar que no MAST, a gente é muito ‘facinho’. Chama a gente vai, tipo Mílton Nascimento, o popularizador de cultura tem de ir aonde o povo está. Então, a gente tenta estar em tudo que é lugar”, disse sorrindo.
O chefe do Seped chamou a atenção para uma situação atual dos meios urbanos. Conforme explicou, fica cada vez mais difícil ver o céu com todo o seu esplendor em áreas muito iluminadas e com alta poluição, por isso, é bom incentivar a ida aos planetários para o público poder contemplar o cenário com mais detalhes.
Informações: Divulgação/Agencia Brasil