O Núcleo de Estudos da Violência Intrafamiliar (Nevin) da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) anunciou a programação de ações em Ponta Grossa, no distrito de Itaiacoca e no município de Imbaú, localidades contempladas pela segunda edição do projeto de extensão.
No centro de Ponta Grossa, a Associação Irmãs Scheila sedia quatro encontros. O primeiro já ocorreu em março (focado na prevenção da violência contra mulheres). Os próximos estão agendados para 24 de abril (com orientações para pessoas com deficiência), 22 de maio (abordando crianças e adolescentes) e 19 de junho (dedicado a pessoas idosas).
No Colégio Estadual Polivalente, entre maio e junho, ocorre a “Formação de multiplicadoras(es) para o enfrentamento da violência intrafamiliar – 2ª edição”. A capacitação é direcionada a estudantes do 1º ano do Curso de Formação de Docentes, integrado ao Ensino Médio.
Em Itaiacoca, a orientação jurídica e social continua sendo oferecida todas as quartas-feiras pela manhã, no Centro Rural Universitário de Treinamento e Ação Comunitária (Crutac). Para Imbaú, o Nevin programou diversas atividades: uma capacitação inicial para membros da Rede de Proteção Municipal, em 23 de maio (8h30); um encontro (manhã e tarde) para profissionais da Educação em 6 de junho; uma sessão (manhã e tarde) para adolescentes das escolas estaduais em 22 de agosto; e uma ação final (manhã e tarde) para a comunidade em geral, em 9 de setembro. Palestras e oficinas adicionais sobre bullying e formas de combatê-lo, voltadas para adolescentes nas escolas de Imbaú, também estão previstas.
Sobre a iniciativa
Vinculado ao Departamento de Direito Processual, o objetivo geral do Nevin é oferecer acolhimento e orientação a minorias sociais (crianças, adolescentes, mulheres, idosos, pessoas com deficiência e população LGBTQIAPN+) em situação de violência intrafamiliar, encaminhando-as aos órgãos competentes para efetivar as medidas legais específicas. Além disso, busca promover ações socioeducativas e de prevenção ao problema em escolas e outros espaços interessados, com foco nas áreas periféricas de Ponta Grossa (especialmente o Distrito de Itaiacoca) e no município de Imbaú.
O financiamento provém do Programa Universidade Sem Fronteiras, da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná (Seti), com gestão na UEPG pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex).
Resultados práticos
Após dois anos de execução, resultados concretos demonstram a importância da informação e das capacitações. A coordenadora do Nevin, Maria Cristina Rauch Baranoski, relata o caso de um grupo familiar de nove pessoas, majoritariamente crianças e adolescentes. Duas delas tinham direito ao Benefício de Prestação Continuada (BPC-LOAS), de um salário-mínimo cada, mas apenas uma recebia o auxílio, que sustentava todos.
Acadêmicos em visita domiciliar em Itaiacoca identificaram a situação e convidaram os responsáveis para receberem suporte no Crutac. “A responsável pelo grupo expressou grande receio de solicitar o direito para a segunda pessoa, temendo perder o valor já concedido”. Naquele momento, a Justiça Federal era parceira nas atividades e, graças a isso, foi possível formalizar o pedido do segundo benefício durante o próprio encontro, segundo Baranoski.
A coordenadora reconhece que há um longo caminho a percorrer. “Ainda há muito a fazer por essa população distante dos centros urbanos ou em municípios menores como Imbaú, necessidades que uma iniciativa de extensão, por sua natureza, não consegue suprir totalmente”, comenta.
Origem do Nevin
A coordenadora, Maria Cristina Rauch Baranoski, e as supervisoras Dirceia Moreira, Maria Cristina Baluta, Luana Marcia de Oliveira Billerbek, Gisele Cristina de Oliveira e Cleide Lavoratti atuaram ou atuam no Estágio de Prática Forense do Núcleo de Prática Jurídica (NPJ) da UEPG. Durante o trabalho, elas perceberam que, apesar dos esforços do NPJ para garantir o acesso à justiça, muitas pessoas vulneráveis não eram alcançadas. “Algumas permaneciam à margem, sem acesso aos seus direitos por desconhecimento ou distância geográfica”, afirma Baranoski. Essa constatação, aliada à experiência das docentes com pesquisas sobre violência contra mulheres, crianças e adolescentes, gerou a necessidade de uma ação específica sobre violência intrafamiliar que extrapolasse os muros da universidade para o atendimento direto. Assim nasceu o Nevin.
Equipe
Além da coordenadora e das supervisoras mencionadas, integram a equipe as profissionais bolsistas Ariane da Silva Supanik (advogada) e Estefany Fernanda Boiko (assistente social); as estudantes bolsistas Maria Luiza Hass Rosa (Serviço Social), Rafaele Nayane Dutra (Direito) e Vitória Machado Wieczorek (Direito); e os estudantes extensionistas do curso de Direito: Allan Gabriel Ferreira, Eduarda Kava Barszcz, Helena Carolina de Mattos, Maria Carolina Machado, Maria Luiza Venancio Nunes De Oliveira e Manuela Luz de Araujo.
Texto: Helton Costa/Fotos: Jéssica Natal
Divulgação/UEPG