Um futuro com menos plástico no mundo. O primeiro passo para este objetivo vem de pesquisadores da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG). O professor do Programa de Pós-Graduação em Ciência e Engenharia de Alimentos, Luiz Gustavo Lacerda, juntamente com a mestranda Luana Carolina Ruths, desenvolve um plástico biodegradável a base de amido. O objetivo da pesquisa é que o material possa suprir, futuramente, a demanda por plásticos convencionais.
Os materiais utilizados no dia a dia para embalagens, garrafas e sacolas são feitos de polímeros. Pela resistência do material, a durabilidade pode ultrapassar mais de 400 anos no meio ambiente. Mas os pesquisadores da UEPG trazem uma proposta que une o útil ao agradável: plásticos resistentes e biodegradáveis. “Nós buscamos fontes alternativas, extraindo amido do milho, mandioca, arroz e batata, e a nossa ideia é que essas fontes naturais sejam biodegradáveis e não precisem ter componentes fósseis, como o que acontece com os plásticos do mercado”, descreve Lacerda.
Uma das linhas de pesquisa utiliza o milheto, sexto cereal mais cultivado do mundo, uma espécie rústica muito utilizada em solos de baixa fertilidade e para formar a palhada no sistema de plantio direto. “O milheto é muito benéfico para o meio ambiente, porque ele se desenvolve em temperaturas altas e tem um potencial de resgate de carbono da atmosfera, que é muito bom”, explica a mestranda Luana. Agora, ela trabalha para desenvolver um filme com base no milheto e estuda adicionar outros componentes para melhorar as características físicas. “Ainda estamos testando a resistência desses materiais, então não podemos precisar em qual área ele pode ser utilizado, mas a ideia é usar a planta na íntegra, aproveitando todos os componentes, especialmente a celulose, para a estruturação deste plástico”.
O professor Luiz Gustavo ressalta que a pesquisa ainda está em teste. “Comparado com o plástico convencional, ele ainda está abaixo em termos de resistência e permeabilidade, então estamos fazendo ensaios mecânicos para determinar a aplicação do produto”. A pesquisa conta com parceria do professor Ivan Venson, do Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná. Os pesquisadores da UEPG levam o milheto para moagem na máquina da UFPR, até conseguir o estado nano e extrair celulose nanofibrilada, que serve de base para o desenvolvimento do plástico de amido.
“Uma das vantagens deste produto é que ele terá uma vida útil muito menor, em torno de 3 a 4 meses, então pensando que estamos construindo para ter uma boa resistência, será muito benéfico para o meio ambiente”, finaliza Luis Gustavo.
Texto e fotos: Jéssica Natal
Divulgação/UEPG