quarta-feira, março 12, 2025
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Prae e veteranos acolhem calouros indígenas na UEPG – Universidade Estadual de Ponta Grossa

A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), por meio da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), promoveu na última segunda-feira (10) a recepção aos novos estudantes indígenas que ingressaram neste ano letivo de 2025. Com isso, o número de alunos das etnias Guarani e Kaingang nos cursos da instituição alcança 30.

Uma das novas alunas é Kauane Aparecida Sanh Mu Pires, caloura de Farmácia, proveniente da Terra Indígena de Queimadas, próxima a Ortigueira. Com a filha Rebeca nos braços, a jovem busca realizar o sonho da formação superior, ao lado do esposo, Alceu Junior Kahe Kuita Bandeira, da aldeia de Apucaraninha, perto de Londrina. Alceu está no segundo ano de Enfermagem. “Estou muito animada para essa nova etapa”, comenta Kauane.

Alceu, que antes precisava ficar distante da família, agora a tem por perto. “Primeiro vim eu, depois ela estudou para ser aprovada e agora está aqui. Estou muito feliz”, relata o estudante. Tanto Kauane quanto Alceu são Kaingangs.

Pedagogas em fase de conclusão

Alunos mais experientes também marcaram presença para recepcionar os colegas. Júlia Isabella de Souza, da aldeia Kakané Porã, de Curitiba (primeira aldeia indígena urbana do sul do Brasil), está no último ano do curso de Pedagogia e, além de abraçar os calouros, já planeja 2026. “Terminando, pretendo voltar e lecionar na minha comunidade. Meu Trabalho de Conclusão de Curso será sobre o papel do coordenador pedagógico em escolas indígenas e estou muito animada”, explicou, contando que já incentiva a irmã, de 16 anos, a também cursar o ensino superior.

Isabela divide os estudos com Priscila Lucas, da Terra Indígena Faxinal, próxima de Cândido de Abreu. “Depois de formada, quero retornar para casa e dar aulas lá”, afirma Priscila. Ambas são da etnia Kaingang e incentivaram Edilucas Kohu Vergilio, calouro de Artes Visuais, que se apresentou e demonstrou entusiasmo para a nova fase. “Estou aqui para aprender e contribuir com a minha cultura”, disse ele.

Famílias na universidade

Andreely Alves iniciou os estudos em Farmácia e migrou para Pedagogia. Foi a pioneira da família na UEPG. Posteriormente, vieram o irmão Jorge, que cursa Direito, e a sobrinha, Fabiele, aluna de Odontologia. Todos são da etnia Kaingang e da Terra Indígena Faxinal. “Depois de formada, quero voltar para a aldeia e também atuar na cidade”, conta Andreely.

Mateus Henrique Matias Claudino, da Terra Indígena Laranjinha, perto de Santa Amélia, no norte do Paraná, é aluno do 3° ano de Medicina e representante dos colegas na Comissão Universidade para o Índio – Cuia, tanto na UEPG quanto no Paraná. Com mãe e irmã já atuantes na enfermagem, o apreço pelos estudos é tradição familiar. “Terminando o curso, penso em voltar e talvez me especializar em saúde da família”, relata.

A interação entre veteranos e calouros promove a união em busca da realização dos sonhos. “A vida acadêmica tem altos e baixos e é bom quando a gente tem apoio para ajudar a levantar. Tem que ter luta para conquistar nossos sonhos. Por isso estou feliz em ver mais acadêmicos indígenas aqui”, defendeu Alexandro Kavigprag Pinheiro, da Terra Indígena Faxinal.

Iniciativa louvável

A Prae da UEPG tem se empenhado para atrair novos alunos indígenas e garantir sua permanência na Universidade. É o que explica a pró-reitora de Assuntos Estudantis, Ione Jovino. “Nossa missão é fazer com que vocês se sintam bem e acolhidos aqui. Por isso, sempre que alguma dificuldade surgir, podem nos procurar, qualquer um de nós, que com certeza vamos ajudar”, afirmou Ione, ressaltando que a UEPG é a única no Paraná que oferece isenção total para indígenas no restaurante universitário e vale-transporte municipal com recursos próprios para o deslocamento de ida e volta para os estudos.

A diretora de Ações Afirmativas e Diversidade da UEPG e vice-presidente da Cuia Paraná, Iomara Favoretto, reafirmou o compromisso da UEPG em continuar atendendo com qualidade os indígenas ingressantes e os veteranos. “Temos uma política institucional muito bem estruturada nesse sentido e estamos de portas abertas para acolher e auxiliar a formação de cada um e cada uma”, disse a diretora.

Desde 2002, 19 indígenas já se formaram na UEPG. O primeiro a apresentar uma dissertação de mestrado na instituição foi Alexandre Kuaray de Quadros, Guarani Mbya, geógrafo, que obteve o título de mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem (PPGEL).

Texto e foto: Helton Costa


 CUIA Indígena ODS 1 – Erradicação da Pobreza ODS 10 – Redução de Desigualdades ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis ODS 15 – Vida Terrestre ODS 4 – Educação de Qualidade Prae UEPG

Divulgação/UEPG

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