A Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) atende a pequenos produtores rurais das regiões de Ponta Grossa e Guamiranga, com o projeto de extensão “Tecnologias no Campo e Capacitação de Pequenos e Médios Produtores Rurais”. A iniciativa oferece soluções tecnológicas práticas aos agricultores. A previsão de duração é de 12 meses, com o objetivo de promover a sustentabilidade no campo e melhorar a qualidade de vida das comunidades locais.
O projeto é realizado por alunos do Departamento de Informática da UEPG, vinculados aos cursos de Engenharia de Computação, Engenharia de Software e ao Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada. A expectativa é que pelo menos mil pessoas sejam diretamente beneficiadas pelo trabalho dos docentes e discentes da instituição.
A metodologia
A seleção dos participantes é conduzida pelas secretarias municipais em conjunto com a equipe técnica da iniciativa, priorizando agricultores familiares ou produtores rurais residentes nos municípios e interessados em adotar novas ferramentas para otimizar a produção e a gestão de suas propriedades. “Realizamos capacitações práticas, implementamos tecnologias de análise de dados e inteligência artificial na agricultura, fornecemos suporte técnico contínuo e monitoramos os resultados com relatórios periódicos. Tudo é planejado para que o agricultor possa aplicar imediatamente as novas práticas no campo”, explica Maria Salete Marcon Gomes Vaz, coordenadora do projeto e do curso de Mestrado em Computação Aplicada, na área de concentração Computação para Tecnologias na Agricultura.
O que está sendo ofertado
As formações oferecidas abrangem organização financeira (com suporte de um aplicativo para controle de receitas e despesas), emissão de Notas Fiscais Eletrônicas pelo aplicativo Nota Fiscal Fácil (NFF) e o uso de redes sociais como Instagram e WhatsApp Business para divulgação e venda de produtos agrícolas. A equipe ainda oferece treinamento sobre o uso de Inteligência Artificial no agronegócio, utilizando plataformas como JARILO e DARLI, para auxiliar em dúvidas do cotidiano rural. Outra instrução foca na utilização do software RaízTech, desenvolvido no âmbito do projeto, que oferecerá cotações agrícolas, previsão do tempo e vídeos.
Na prática, os agricultores são treinados em tarefas que variam das mais simples às mais complexas, como o uso de ferramentas digitais para aumentar a produtividade. “A iniciativa nos permite obter mais informações sobre como formalizar nossas vendas, mostrando como isso pode ser feito de maneira simples pelo celular. Achei excelente que tudo foi prático e imediato, o que facilita a assimilação do aprendizado”, explica a produtora rural Edialaine Marconato, produtora rural em Guamiranga.
Andreia Cristine Ham Homiack, que também necessita emitir notas fiscais eletrônicas, aproveitou a oportunidade para sanar dúvidas. “Conseguimos esclarecer questões sobre o aplicativo sem precisar sair do município, foi muito proveitoso”, contou.
Marcel Bulhak, também produtor rural em Guamiranga, participou da oficina sobre emissão de notas fiscais. “Pudemos aprender desde a instalação do programa, o login com a conta Gov.br, o cadastro da propriedade, até a transmissão da nota. Só tenho a agradecer aos alunos da UEPG pela disponibilidade e parabenizar o projeto”, disse ele.
Foco em produtividade e renda
Com a execução do programa, a equipe da UEPG espera como resultado o aumento da produtividade e da renda dos produtores, a melhoria na gestão dos recursos naturais, a redução de desperdícios e o fortalecimento do desenvolvimento socioeconômico local, além de um legado de inovação e inclusão tecnológica. “O projeto busca também democratizar o acesso à inovação no meio rural, contribuir para a competitividade dos agricultores, promover práticas sustentáveis e fortalecer a economia local, estabelecendo uma conexão entre a academia e a sociedade”, completa a professora Salete.
O secretário de Agricultura, Pecuária e Meio Ambiente de Guamiranga, Metódio Sabatovski, está otimista de que as capacitações serão de grande valia para auxiliar o processo de produção local. “Acreditamos que o impacto no desenvolvimento do nosso pequeno agricultor será muito efetivo e favorável com esta parceria. Esperamos poder renová-la no futuro, para continuarmos com o trabalho de qualificação nos próximos anos”, declara o gestor.
Kauanne Mikos de Souza, agente administrativa da Secretaria liderada por Sabatovski e uma das responsáveis pela mobilização dos produtores para participação no projeto, ficou animada com a primeira formação oferecida pela UEPG sobre notas fiscais eletrônicas. “Essas tecnologias melhoram a gestão do negócio, ampliam a comercialização e contribuem para a modernização da agricultura familiar, base da economia local, gerando mais renda, qualidade de vida no campo e reduzindo o êxodo rural. Além disso, a iniciativa capacita não apenas os agricultores, mas toda a população que participa das atividades”, garante a servidora.
Os executores
Integram a equipe executora do projeto docentes e pesquisadores da UEPG, alunos de graduação e pós-graduação em Computação, além de egressos. A Agência de Inovação e Propriedade Intelectual (Agipi) apoia a iniciativa.
Para quem contribui, a experiência também é de aprendizado. É o caso da aluna bolsista de iniciação científica de Engenharia de Computação, Marcelle Fatel Muraki. Ela relata que tem sido uma vivência incrível e enriquecedora, principalmente no aspecto pessoal, desenvolvendo habilidades como falar em público, lidar com pessoas e “enxergar de forma concreta como nosso conhecimento pode ajudar muita gente”. “Coisas que parecem simples para nós, como usar um recurso digital ou emitir uma nota fiscal eletrônica, ainda são grandes desafios para muitos produtores. Poder estar ali, explicando com calma, tirando dúvidas e vendo que eles se sentem mais confiantes depois da orientação, mostra o quanto o que aprendemos pode (e deve) ser usado para transformar realidades”, conta a acadêmica.
Guilherme Daneliv, colega de Marcelle, também bolsista de iniciação científica e aluno de Engenharia de Computação, vê o contato direto com os produtores rurais como uma vantagem para desenvolver habilidades distintas das aprendidas em sala de aula. “Durante as atividades realizadas em Guamiranga, tive a oportunidade de conversar com diversos agricultores e compreender de perto suas dificuldades, percebendo com clareza a lacuna tecnológica que ainda existe no campo. Ao orientar os participantes, também pude aprimorar minha capacidade de comunicação e de ensinar o uso das ferramentas tecnológicas de forma clara e acessível”, observa o estudante.
Emili Everz Golombiéski, recém-formada em Engenharia de Computação, bolsista e participante do projeto, está feliz em ver o conhecimento adquirido na graduação sendo aplicado para transformar a vida das pessoas. “Contribuir com orientações, soluções tecnológicas e estratégias adequadas ao perfil dos produtores é uma oportunidade valiosa de aplicar na prática os conhecimentos adquiridos ao longo da minha formação. Além disso, participar dessas ações fortalece meu compromisso com a promoção de um agronegócio mais sustentável, eficiente e inclusivo”, argumenta a profissional.
Como orientadora da iniciativa, a professora Maria Salete assegura que o “Tecnologias no Campo” demonstra que inovação “também se faz com simplicidade, escuta ativa e compromisso com as pessoas”. “É assim que fazemos a diferença: com ciência, sensibilidade e ação. Acreditamos que a universidade tem o dever de ultrapassar seus muros e transformar a realidade onde está inserida. Cada programa de extensão que desenvolvemos é mais do que uma atividade acadêmica; é um convite à transformação social, ao protagonismo estudantil e ao fortalecimento das comunidades com as quais dialogamos”, completa a docente.
O projeto é financiado pelo Fundo Paraná, por meio do programa Universidade Sem Fronteiras (USF), gerenciado pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná (Seti). Na UEPG, o acompanhamento é realizado pela Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais (Proex).
Texto: Helton Costa/Fotos: Salete Vaz
Divulgação/UEPG