Felicidade, acolhimento e sentimento de dever cumprido. Assim, Zenaide Aparecida Silva definiu a sensação de concluir o curso de Bacharelado em História da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), durante a cerimônia de formatura extemporânea realizada no último dia 28, no Gabinete da Reitoria, em Uvaranas.
Zenaide, agora egressa da UEPG, tem baixa visão e concluiu seu curso com sucesso e muito apoio da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), dos professores, colegas de turma, além da equipe da Associação de Pais e Amigos do Deficiente Visual (Apadevi) de Ponta Grossa. Estiveram presentes na cerimônia o reitor da UEPG, professor Miguel Sanches Neto, o pró-reitor de Graduação, professor Miguel Archanjo de Freitas Junior, a Diretora de Ações Afirmativas e Diversidade (DAAD) da Pró-reitoria de Assuntos Estudantis (Prae), Iomara Favoretto, a psicóloga da Prae, Bruna Regina Catapan Fidélis, além de professores, pedagogos e a direção da Apadevi.
Para o reitor, foi um momento simbólico. “A Universidade, nos últimos anos, tem tentado ser a mais inclusiva possível, em vários níveis. Neste ato de formatura da Zenaide, a gente mostra que a inclusão acontece não apenas ao longo do curso, mas também durante a formatura, que é o momento mais importante do ritual de passagem pela nossa instituição”, afirma Sanches Neto.
Miguel enfatizou a obra que acontece nos dois campi, reiterando as ações em busca de uma universidade cada vez mais acessível. “Esse compromisso está materializado no investimento das obras de acessibilidade em toda a Universidade, um espaço em que todas as pessoas poderão transitar de maneira autônoma dentro da instituição, com elevadores, rampas e calçadas. A gente entende que a Universidade tem que ser inclusiva de fato e não só no discurso”, destacou.
Miguel Archanjo declara que em uma universidade verdadeiramente inclusiva, a formatura da Zenaide é uma indicação que estamos no caminho certo. “É uma indicação que todas as pessoas podem ser incluídas, que ninguém tem o direito de acabar com os sonhos das pessoas”, reforça. “Este ato demonstra a necessidade de estarmos em constante processo de formação docente, para que nossas práticas possam estar voltadas às diferentes realidades presentes no cotidiano da Universidade”, conclui.
Uma trajetória inesquecível
Iomara Favoretto faz questão de destacar que Zenaide foi “cliente VIP da Prae” e relembra que o atendimento à acadêmica teve início no programa de Atendimento Especial no Vestibular, realizado pela DAAD-Prae no ano de 2020. “Durante o processo seletivo, ela recebeu acompanhamento especializado, garantindo condições equitativas de participação, conforme previsto na Lei Brasileira de Inclusão”, afirma. “Zenaide ingressou no curso de Bacharelado em História e enfrentou desafios importantes, especialmente devido ao contexto da pandemia. Sem notebook ou celular, foi uma das primeiras acadêmicas a receber esses dispositivos para garantir seu acesso às aulas remotas, evidenciando a importância das políticas de permanência estudantil para reduzir as barreiras tecnológicas no ensino superior”.
Iomara também lembra que, aos poucos, com o retorno das aulas presenciais, Zenaide se tornou uma acadêmica atuante e assídua frequentadora da Prae, reivindicando seus direitos e buscando apoio para a sua permanência na UEPG. “A acessibilidade educacional foi assegurada por meio de orientações pedagógicas ao curso e de adaptações necessárias à sua condição. Além disso, Zenaide foi beneficiária da maioria dos programas de permanência oferecidos pela Prae. Ela é um exemplo de persistência aos obstáculos que se apresentam no processo de permanência das pessoas com deficiência no ensino superior”.
Com emoção, a equipe da Prae parabenizou Zenaide, que revelou ter planos de realizar uma pós-graduação na UEPG. “Sem o apoio da UEPG, fica inviável fazer o curso. Em outros lugares, a gente não tem o apoio que tem aqui – dos professores, dos colegas… Todos me ajudaram bastante!”, declara. Após concluir o Bacharelado em História, Zenaide inicia, ainda em 2025, mais um curso: o de Bacharelado em Geografia.
Apoio inestimável
Além de ter sido acolhida pela Prae enquanto acadêmica da UEPG, Zenaide é atendida pela Apadevi há cerca de 20 anos. A partir do seu ingresso no Ensino Superior, os desafios foram renovados. Parte da equipe da Associação que a acompanhou, ao longo de sua trajetória na UEPG, esteve presente durante o dia de sua formatura, vibrando por ela e desejando ainda mais sucesso.
John Ribeiro é professor da Apadevi e relata que a mais nova bacharela em História teve acesso a diversos auxílios. “Eu sou do apoio pedagógico, adaptamos vários conteúdos da UEPG pra ela e para outros seis estudantes nossos que também são alunos da Universidade, na graduação e no mestrado”, comenta. John enfatiza que um trabalho multidisciplinar é fundamental para o ótimo desempenho dos estudantes tanto no processo seletivo quanto ao longo dos cursos, de maneira autônoma e independente.
Junto com ele, a professora de informática Cláudia Félix trabalhou questões de acessibilidade de sistemas e computadores e também a familiarização com plataformas como o Google Classroom. “No início, ela não conseguia acessar os conteúdos sozinha. No caso dela, como ela é baixa visão, acaba usando o computador só com a lupa – e isso a gente ensina também. Ela nunca tinha feito informática, passou no vestibular sem saber nada e começou do zero a mexer na plataforma, editar e digitar textos…”, conta Cláudia. Sirlei Amaral, que também acolheu Zenaide durante esses anos com atividades de reeducação visual, reforça a importância do trabalho contínuo com as pessoas com deficiência.
A diretora da Apadevi, Cilmara de Oliveira, destaca: “pra nós é muito bom, porque a gente cobra bastante deles essa questão do investimento nos estudos para ter mais qualidade de vida, buscar um emprego e uma formação”. Sirlei completa: “a gente embarca nos desejos deles, abraça junto e comemora também”.
Texto e fotos: Domi Gonzalez
Divulgação/UEPG
